sábado, 27 de março de 2010

UM CONTO DOS MEUS SONHOS.





Eu morri. Meu corpo está podre. Sinto meu osso doer. Sinto minha vida voltando. Mas como eu sinto vida? Estou morto, estou morto. Será que eu me nego a morrer? Será que existe alguém que não quer que eu vá.

Olho o relógio preso em meu pulso e vejo que são vinte horas, deve está escuro lá em cima. Observo melhor e vejo que era dia vinte e um. Lembro-me perfeitamente que quando a escuridão dominou meu corpo, era dia vinte e um do mês passado. Como isso é possível? Eu não sei! De meus olhos saem lágrimas, em meu coração o pulsar acelera. Eu queria não ter voltado, mas voltei. Esse é meu karma, minha praga, meu destino.

A escuridão surge em minha frente, destroçando os pedaços de madeira do caixão. A escuridão possui essência, possuo vida, eu a controlo. Ela perfura como uma navalha a terra, cobre meu corpo, me leva para o ar, me ergue na superfície, me dá poder. Meu terno estava cheirando mal, mas eu havia me acostumado com tal aroma. A primeira coisa que surgiu em minha mente foi ir em direção a minha antiga casa, mas pensando melhor, irei correr pelas avenidas e viver um pouco mais. Odiava minha família, ela nunca me deu devida atenção, e eu não era um garoto que gostava de chamar atenção, eu a queria, mas não queria chamá-la.

Dei passos ligeiros, a escuridão me empurrava, não deixava cair por falta de equilíbrio, ela me erguia, ela me dominava, como um pai dominava seu filho. Caminho até o além. É lá que meu inimigo está, e é lá que eu o acharei. Você não mataria alguém que lhe desse um tiro no meu da testa? Eu mato, com orgulho. Pelo menos isso eu farei.

Você não tem muito tempo, querido – a sombra diz, sua voz parecia de um milhão de condenados.

Corri pelas nuvens, a sombra me levitava, me dava asas negras. Foi no meio de uma avenida deserta, sem carros, sem ônibus, apenas com mendigos e jovens viciados que eu o encontrei. Um pirralho portado de arma de fogo. Queria meu dinheiro, queria meu celular, queria minha mochila. Eu me neguei a dar e fui vítima de um único tiro na cabeça. Morri, hoje estou aqui, a sombra me deu essa oportunidade para matá-lo.

Ele me olha, lembrasse de mim e tira a arma. Eu ri. Estou morto, querido, ninguém pode me matar. O moleque atira cinco vezes contra mim, mas a sombra me cobre minha querida mãe, me protegendo. Minha arma se move e prende-o com toda a força. Ele geme, e minha pena não surge. Eu o queria morto. No final, ele ficou como eu, morto.

Posso dizer obrigado, mas prefiro não. A sombra queria o mal, sempre quer o mal. Nunca siga a sombra, porque ela não deixa você pensar, ela se torna sua mente, sua mãe, sua família.



Eu tive esse sonho faz um mês, e fiz essa descrição correndo, algum dia faço algo melhor. Ah, pra quem não sabe, meu sonho é ser escritor.

Escrito por: @rafsblood

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